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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Os celulares podem melhorar os hábitos de leitura?



Segundo a pesquisa “Reading in the Mobile Era”, realizada pela UNESCO em parceria com a Nokia e a Worldreader, sim. Saiba como a tecnologia vem influenciando a leitura em sete países em desenvolvimento
por Giovana Feix

Depois da pesquisa britânica que mostrou o quanto a leitura feita em tablets e smartphones ajuda na alfabetização das crianças, um novo estudo feito pela Unesco veio para comprovar que a tecnologia pode ajudar, e muito, no processo de letramento e de erradicação do analfabetismo no mundo.

Realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em parceria com a Nokia e a Worldreader, o estudo teve a participação de 4.330 pessoas e procurou analisar a mudança que a tecnologia vem causando nos hábitos de leitura. Nos sete países em desenvolvimento considerados na pesquisa (Etiópia, Gana, Índia, Nigéria, Paquistão, Quênia e Zimbábue), a média de adultos analfabetos é de pouco mais de um terço da população, chegando a mais de 60% na Etiópia. 62% das pessoas entrevistadas pela Unesco, no entanto, afirmam que passaram a ler mais desde que os celulares se tornaram, além de meros telefones móveis, dispositivos de acesso à informação e à leitura.

Dentre as justificativas para a leitura em celulares, a que mais se destaca (e foi mencionada por 67% dos participantes) é a de que as pessoas estão sempre acompanhadas de seus aparelhos, sendo a leitura feita neles bastante conveniente.

Também chama a atenção o que respondem alguns dos entrevistados: o acesso a livros impressos é mais difícil do que aos digitais – tanto pelo preço, quanto pela distribuição. “Vivemos em uma área remota em que não há bibliotecas”, conta Charles, um professor do Zimbábue, participante da pesquisa. “Agora, eu tenho a chance de escolher entre uma grande variedade de títulos de ficção”, diz.

Segundo a pesquisa, com a leitura digital 66% dos entrevistados passaram a apreciar mais o ato de ler. 34% gostariam que houvesse mais opções de livros digitais infantis, enquanto que 33% já afirmam ter acesso a esse tipo de literatura. Dentre esses entrevistados, encontra-se o professor Charles, que, em sala de aula, também lê para seus alunos diretamente pelo celular.

Os dados obtidos pela pesquisa, além de indicarem otimismo em relação à diminuição do analfabetismo, também apontam outras questões, como diferenças nos hábitos e no acesso à leitura entre os gêneros. Segundo a GSMA Development Fund and Cherie Blair Foundation for Women, em países em desenvolvimento, mulheres têm 21% menos chance de possuírem um aparelho celular do que homens. Isso esclarece a maior facilidade dos homens em ter acesso à leitura digital, e também o fato de mais da metade dos leitores em dispositivos móveis em todos os países pesquisados serem homens. Mesmo assim, o relatório também indica que as mulheres, apesar de em menor numero, são as leitoras digitais mais ativas, investindo mais tempo na atividade. Entre os 100 leitores mais ativos que responderam à pesquisa da Unesco, 80 são mulheres.


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