Ao
criarmos uma aula, a estratégia pedagógica deve sempre se sobrepor à tecnologia
pura.
Mas
é fato que a lousa digital nos oferece facilidades para ressignificarmos a
forma como trabalhamos nossos conteúdos.
Sabemos
que muitas escolas têm investido (bastante) nos últimos anos em lousas
digitais, como mais uma tentativa de “modernizar” seus processos de ensino.
Por
diversos motivos, as lousas são mais atrativas para os professores do que
netbooks, tablets e laboratórios de informática. Saliento dois deles,
principais:
1) O
equipamento oferece maior controle e domínio de aplicação por parte do
professor, se comparado a outros recursos tecnológicos;
2)
O nome e a posição na sala determinam sua semelhança com o quadro negro,
secularmente íntimo do professor.
O
segundo é um ponto-chave para mim. Vejo-o com certo receio, pois a
familiaridade com o antigo quadro negro por vezes sugere a reprodução (agora
multimídia, com a projeção de slides e vídeos) de antiquados métodos de ensino.
Como
já fiz em artigos anteriores,
proponho aqui uma reflexão sobre a tecnologia, seus usos e fins: seria o quadro
negro em si um objeto obsoleto? Creio que não; o que pode, sim, ser
ultrapassado e limitante é a forma como o empregamos. E como hábitos e heranças
são mais difíceis de serem alterados do que uma nova tecnologia ser
incorporada, a “versão digital” da antiga lousa com giz padece dos mesmos
riscos.
Sendo
assim, quais seriam, afinal, os diferenciais do uso da lousa digital? De
imediato, cabe mencionarmos o óbvio: ela é mais atrativa visualmente e
facilita, naturalmente, o acesso a recursos multimídia. Isto já é, por si só,
um grande diferencial do quadro negro, que depende do “talento” do professor em
sintetizar (e até mesmo ilustrar) a matéria de suas aulas.
Mas
há mais, muito mais, que elas podem fazer pelo processo de ensino-aprendizagem.
Acredito que a lousa digital nos ofereça facilidades para ressignificarmos a
forma como trabalhamos nossos conteúdos em aula. Há várias possibilidades
diferenciadas para conseguirmos o engajamento dos alunos nas atividades
propostas, por exemplo:
1)
Registro da aula e de todo o raciocínio da explicação em um formato que pode
ser disponibilizado imediatamente para eles, poupando-lhes o tempo de copiar
informações durante a aula;
2)
Uso de recursos interativos muito mais ricos visualmente; uso de imagens,
animações e simulações;
3)
Maior interação entre a própria turma. É possível desenvolver atividades em
grupos – cada um realizando uma parte da tarefa ou todos juntos equacionando
desafios comuns;
4)
Maior socialização de produções. Elaboração de formas diferentes de resolução
de desafios, por parte dos alunos, quando este espaço é oferecido em aula.
Como
sempre, a estratégia pedagógica deve se sobrepor à tecnologia e pautar o
processo de criação das aulas, da organização dos alunos em sala (de modo que
todos tenham acesso e mobilidade para a realização das atividades propostas)
até a seleção e a apresentação do conhecimento construído.
Embora
a lousa seja tradicionalmente conhecida como um recurso de apoio ao professor,
ela poderá fazer toda a diferença se o profissional que a conduzir não centrar-se
apenas nos seus próprios conhecimentos, mas promover a interação e possibilitar
a participação ativa dos alunos.
Por
Mary Grace
Texto
publicado no Blog da Editora Ática, “Eu Amo
Educar”
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