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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

TIC: a autonomia do professor é fundamental para a inovação educacional.



por Luciano Sathler

 

Nosso blogueiro convidado do mês é o educador Luciano Sathler, colunista do CanalTech.

A percepção dos professores sobre os impactos que as Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC têm no seu trabalho aponta a necessidade de serem repensadas as políticas públicas quanto à formação e a autonomia dos profissionais do ensino.

Desde 2011, o Centro de Estudos Sobre as TIC realiza anualmente a pesquisa TIC Educação. Em 2012, foram entrevistados 1.592 professores de português e matemática, numa amostra de 856 escolas públicas situadas em áreas urbanas por todo o Brasil. Alunos, diretores e coordenadores pedagógicos também participaram.

Dois dados saltam imediatamente aos olhos dentre os resultados anunciados. Primeiramente, o fato de que 99% dos professores havia feito uso da internet nos 3 últimos meses antes da pesquisa. E que apenas 46% dos educadores graduados cursaram uma disciplina específica sobre computadores e internet durante sua formação no Ensino Superior.

A maioria dos professores concorda que:

  • As TIC ampliam o acesso a recursos mais diversificados e de melhor qualidade;

  • As TIC colaboram para que os educadores passem a adotar novos métodos de ensino;

  • As TIC são instrumentos que facilitam o cumprimento das tarefas administrativas;

  • As TIC são usadas para ampliar o trabalho colaborativo com outros colegas da mesma escola;

  • As TIC servem para articular contatos com professores de outras escolas e com especialistas de fora da escola;

  • As TIC servem para a realização de avaliações mais individualizadas dos estudantes.


O infográfico abaixo agrega ainda mais informações:
 

Uma das conclusões que se depreendem desses resultados é que as TIC podem ser potencializadas para a inovação das metodologias de ensino, com ênfase na personalização das relações de ensino-aprendizagem e no trabalho colaborativo.

Porém, a personalização das relações de ensino-aprendizagem e o trabalho colaborativo dependem de horizontalizar mais as hierarquias e descentralizar a tomada de decisão, para privilegiar a autonomia do trabalho dos professores.

Autonomia no trabalho significa liberdade pessoal para desempenhar funções e papéis de formas personalizadas, únicas e diferenciadas. Os profissionais esperam ter maior liberdade e controle sobre suas ações, inclusive para determinarem individualmente como, onde e, algumas vezes, quando o trabalho acontecerá.

Dentre outros aspectos, autonomia é dar condições para que professores possam priorizar e determinar o ritmo de suas atividades, alocar recursos, planejar e agendar tarefas, além de determinar seus próprios métodos de trabalho.

Os educadores poderiam formar equipes autônomas ao redor de tarefas ou temas interdisciplinares, escolherem caminhos próprios e independentes de aprendizagem para sua contínua formação, além de compartilharem suas responsabilidades com outros professores, dentro e fora da escola. Essas condições para a autonomia aumentam o comprometimento, o senso de responsabilidade individual e a satisfação com o trabalho.

As TIC permitem que a sala de aula seja estendida e possibilitam o desenvolvimento de sistemas não lineares de ensino, seja por meio do hipertexto e da hipermídia, o que privilegia a aprendizagem por exploração e descoberta. O estudante precisa desenvolver novas habilidades para aprender em contextos informatizados, tais como a capacidade de selecionar as melhores formas de organizar e avaliar as informações.

O desenvolvimento do pensamento crítico pelos estudantes pede professores com maior autonomia, que não se sintam tolhidos por políticas distanciadas da realidade e exigências autoritárias que primam pelo excesso de normas, burocracia e dirigismo. A gestão educacional para a inovação tem a liberdade, a criatividade e a participação como seus fundamentos.

*Luciano Sathler é colunista do Canaltech e Doutor em Administração pela FEA / USP (2008), Mestre em Administração pela Universidade Metodista de São Paulo (2002), onde atua como professor, Diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância ABED e Coordenador Geral de Educação a Distância na Universidade Presbiteriana Mackenzie.


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