Dicas
para articular fotografia, tecnologia e redes sociais.
Por Bruno
Fischer Dimarch Educação
A proliferação de imagens de nossos tempos é algo nunca
antes visto. Antes a reprodução de imagens dependia de suportes físicos,
pôsteres, postais, jornais, revistas etc. Para nós, é preciso apenas de luz,
que recombinadas transformam-se nas mais diferentes formas em telas de
televisão, computadores, celulares, tablets e outros dispositivos digitais.
As novas gerações se apropriaram da imagem como parte
inerente de seu cotidiano. Compartilhar fotos, baixar imagens, fazer suas
próprias fotografias, editar, utilizar modelos (como os memes do Facebook), são
procedimentos comuns dos jovens de hoje.
Como a escola pode potencializar esse hábito no processo de
ensino e aprendizagem? O cmais+ educação preparou algumas dicas,
considerando que diferentes contextos podem solicitar adaptações.
1 – Escolha do tema
O primeiro passo é selecionar um tema para o projeto. A
disciplina e o conteúdo que está sendo trabalhado junto aos alunos são a base
da escolha. Exceto em Arte, cujo estudo da linguagem da fotografia é mais
específico e aprofundado, nas demais disciplinas a fotografia é o meio que
agenciará as discussões.
2 – Referenciais
Ao trabalhar com fotografia é interessante levar aos alunos
uma mostra de imagens. Em Ciências, por exemplo, pode-se mostrar diversos
registros feitos em diferentes épocas no âmbito da pesquisa científica. Este
momento pode estar em qualquer etapa do projeto. Por exemplo, é possível
primeiro ver como os alunos já estão se relacionando com a fotografia para
depois nutri-los com o que já foi e está sendo produzido.
3 – Linguagem
A fotografia parece uma linguagem simples, dada a
facilidade com que se pode produzir uma imagem fotográfica. No entanto, ela é
formada por uma série de elementos, questões estéticas e formais,
especificidades de acordo com o contexto (registro, jornalismo, arte, design
etc.) e intencionalidade. Planos, cor, foco, movimento, iluminação,
perspectiva, ângulo, textura, balanço e composição são os principais elementos
da fotografia. Para iniciar, recomendamos o artigo de Francine de Mattos: Linguagem Fotográfica (interessante notar como a
autora utiliza referenciais imagéticos para dar visualidade ao conteúdo
escrito); e o artigo de Clóvis Loureiro de mesmo nome: A Linguagem da Fotografia.
4 – Dinamização
O que será encomendado aos alunos? Pode-se partir de um
tema, uma ideia ou uma pergunta e fazer uma encomenda aos alunos. No projeto educativo da 29ª Bienal há algumas
perguntas instigantes: O que permanece invisível no nosso dia-a-dia? Como
começar uma cidade? Por que calar? Quando você enxerga o outro em você? De que
é feita a memória? Como a arte pode mudar a vida? Pode-se pedir o registro
de coisas do cotidiano, como diferentes fontes de energia, para se discutir nas
aulas de Física.
O prazo para entrega do trabalho é variável. Um prazo
longo, por exemplo, proporcionará mais tempo para pesquisa e para “encontrar
uma imagem” que um prazo restrito não permitiria. Em contrapartida, este mesmo
prazo pode acabar dispersando a demanda. É preciso sempre retomá-la enquanto
ele não é encerrado. Independentemente da opção, é importante que os alunos
saibam quanto tempo terão para a entrega.
5 – Redes Sociais
Por se tratar de material digital, é possível dinamizá-lo
via redes sociais. Por meio de uma página no Facebook (confira algumas dicas), do Tumblr, do Orkut, do
Twitter ou dos blogs, os trabalhos se tornam públicos e outros alunos (assim
como pais e amigos) poderão ver a produção do outro. O uso das redes sociais
permite também que alunos trabalhem sobre as produções de outros colegas
(fazendo uma curadoria de imagens com base em determinados temas, por exemplo).
6 – Diálogo
A conversa sobre as produções dos alunos é o ponto
principal do trabalho. Uma dinâmica interessante é mostrar a imagem produzida
pelo aluno e coloca-lo como o último a comentá-la. Desse modo, os demais alunos
poderão fruir e opinar sobre a fotografia antes de se contaminarem das ideias e
intenções do autor. O mesmo procedimento pode ser realizado em grupo.
Procurar estabelecer relações entre as imagens produzidas,
o tema gerador e os outros assuntos que surgiram durante o processo fortalecerá
o sentido de trabalhar a fotografia como meio de pensar e refletir sobre um
tema curricular.
Solicitar que os alunos intitulem suas imagens pode ser
interessante, pois permite que eles reflitam sobre sua própria produção.
Ademais, pode-se partir do título das imagens, antes mesmo de mostra-las,
instigando os alunos a pensar que imagem poderia emergir a partir do título.
7 – Recursos materiais
Nem todos os alunos dispõem de um celular, máquina
fotográfica ou outro dispositivo capaz de captar imagens. Uma estratégia para
driblar essa questão é o trabalho em grupo (com ao menos um membro do grupo
dispondo do aparelho). Algumas escolas dispõem de máquinas fotográficas
digitais para ser usada em suas dependências. Fazer um diagnóstico das
disponibilidades antes do planejamento é fundamental para o desenvolvimento do
projeto.
8 – Acervo
Após a finalização do projeto se constituirá um banco de
imagens. Pode-se retomar as imagens em outros momentos, em outras disciplinas e
até com outras turmas. Este caráter acumulativo faz o projeto crescer, pode-se
visualizar sua evolução, os diferentes momentos dele ao longo do bimestre, do
mestre ou até dos anos.
9 – Avaliação
Para não interferir diretamente no modo como cada
escola/professor avalia a aprendizagem de seus alunos, abordaremos apenas dois
indicadores avaliativos sobre a fotografia. Coerência: é importante observar a
coerência da imagem no contexto de sua produção, como ela dialoga com o tema
gerador. Qualidade: considerar o modo como os alunos utilizaram a linguagem da
fotografia, cuidando para não avaliar a qualidade técnica que pode estar
comprometida em função dos equipamentos disponíveis, e como a forma dialoga com
o conteúdo.
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