A escola é, talvez, a instituição mais jurássica
de todos os tempos (por que vivo repetindo isso?). Embora ela tenha o
compromisso de educar a geração atual para um mundo futurista que nem nasceu
ainda, e nem sabemos como será, ela mesma ainda vive na pré-história em
diversos sentidos e não tem o menor desejo de “evoluir”, pelo menos o
suficiente para chegar perto dos tempos atuais. Mas antes de concordar com
isso, pense bem, caro leitor amigo: a escola não se encerra nos limites de seus
próprios muros, ela se estende por toda a sociedade, e você, caríssimo leitor,
também é responsável por essa escola jurássica e suas idiossincrasias.
Enquanto escrevo esse artigo, tramita na Câmara
dos Deputados o projeto de lei 2806/2011. Esse projeto é uma “extensão” de um
projeto anterior que proibia o uso de telefones celulares em todo o país e,
agora, “modernizado”, o projeto prevê a proibição de qualquer aparelho
eletrônico portátil em todas as escolas e em todos os níveis de ensino, do
infantil ao superior.
No Estado de São Paulo, na cidade do Rio de
Janeiro, no Ceará e em Rondônia (e talvez também em outros estados e
municípios, pois as más idéias se espalham rápido) já há leis específicas
proibindo o uso de telefones celulares e outros aparelhos eletrônicos pelos
alunos.
Ao invés de entrar em uma polêmica tola sobre “se
devemos permitir ou proibir o uso de celulares, games e outros brinquedinhos
eletrônicos em sala de aula”, eu lhes pergunto algo bastante simples e
objetivo: em que momento algum professor, alguma escola, algum pai de aluno ou
algum governo defendeu ou defenderá que os alunos devam ir à escola apenas para
jogar videogame, assistir vídeos no Youtube, bater papo no MSN ou fotografar o
professor tirando caca do nariz para depois publicar no seu fotolog?
A mim, e espero que a você também, parece
evidente que a escola não é apropriada para esse tipo de “diversão”, assim como
não esperamos o mesmo comportamento em uma missa ou em um enterro (olha, eu
juro que tentei comparar com outras situações, mas a escola está mais para
missa e enterro do que para festa de casamento).
Por outro lado, faça um esforço e tente se
lembrar de sua infância… Agora pense: se quando você era criança e estava na
escola você tivesse um telefone celular onde pudesse jogar videogame, fazer
filmes sacanas do professor ou dos colegas, trocar mensagens e fofocas
instantâneas, ouvir música, etc., etc., será que você não o faria?
Eu não posso responder por você, mas posso
responder por mim mesmo. Eu faria sim, às vezes. E sei que seria punido por
fazê-lo (mas mesmo assim faria!). Hoje eu não faço mais, mas hoje eu sou adulto
e, como agravante, sou professor, tenho sempre que dar exemplo de “bom
comportamento” e, a bem da verdade, de qualquer forma essas coisas já não me
interessam mais.
Pois bem, o mundo mudou, a tecnologia se espalhou
por todas as partes, as possibilidades são imensas mas, mas, mas… As crianças e
adolescentes de hoje continuam sendo crianças e adolescentes como nós mesmos
fomos um dia! A tecnologia só lhes fornece novos meios de fazerem suas
traquinagens, e eles as farão até que se tornem adultos e, talvez, acabem como
pessoas “xaropes” como eu e você.
Alguns adultos parecem que se esqueceram que já
foram crianças e agora não entendem mais nada sobre a infância e a
adolescência. Esses adultos acreditam que publicando leis poderão mudar a
estrutura neurológica, os hormônios e a psicologia das crianças e dos
adolescentes. Isso é tão ridículo que parece traquinagem de adolescente que
possui um brinquedinho novo de “assinar leis”.
Fato: mais da metade das crianças entre 7 e 9
anos de idade possui um telefone celular. Quase metade dessas crianças não
recebe nenhuma orientação de uso desse brinquedinho tecnológico por parte de
seus pais ou de seus professores!
Pergunta: se crianças e adolescentes possuem
celulares (que ganham dos pais!) e não possuem orientação alguma, nem da
família nem da escola, sobre como utilizá-los em diversos ambientes e situações
e, além de tudo, são crianças e adolescentes e não adultos xaropes, como se
pode esperar deles que não levem seus brinquedinhos à escola e, estando lá, não
brinquem com eles?
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