Enquanto alguns professores ainda resistem
bravamente em manter sua aversão aos computadores e à internet e insistem na
interação tradicional professor-aluno, outros já começam a experimentar a
relação extra-classe virtual por meio das redes sociais on-line.
Em um primeiro momento o professor “perdeu o medo
do computador” e passou a utilizá-lo para si mesmo de várias maneiras. Depois,
seduzido pelas possibilidades de uso da rede (internet) e, principalmente, das
mídias sociais interativas, como Facebook, Flickr, MySpace, YouTube, Twitter e
Orkut, lançou-se de vez na rede. E agora? Como enfrentar as vantagens e
desvantagens da super-exposição no mundo virtual?
Embora esse tema não seja ainda muito frequente
no Brasil quando se fala da relação entre o professor e as novas tecnologias,
os riscos da super-exposição de professores e alunos nas redes sociais já vem
sendo debatidos há cerca de meia década nos Estados Unidos e na Inglaterra,
onde as TICs já vem sendo utilizadas pelas escolas e pelos professores há mais
tempo que aqui.
No início de 2012 o Departamento de Educação da
cidade de Nova Iorque publicou o seu “Guia para o uso das Mídias Sociais”
(NYC Department of Education Social Media Guidelines, disponível para
baixar no final desse artigo), onde restringe de forma bastante radical a
interação professor-aluno nos ambientes virtuais. Na inglaterra, no Condado de
Kent, chegou-se a proibir os professores de possuírem um perfil no Facebook.
Seria preocupação excessiva? Fobia do mundo
virtual? Ou há mesmo um risco real no uso das mídias sociais interativas que
justifique esse “medo”?
No presente artigo vamos discutir esse tema e
apresentar sugestões sobre os cuidados que o professor deve tomar ao
utilizar-se das redes sociais, quer seja para si mesmo, quer seja para fins
educacionais. Evidentemente muito do que será sugerido aqui vale também para
outras categorias profissionais e, de forma ainda mais geral, para todos os
usuários da internet.
Tô na rede, e agora?
Para quem chega à internet pela primeira vez,
tudo parece como um infinito e complicado mundo de cliques, botões, links, e
“programinhas”. Mas, passada a fase de “susto” inicial, rapidamente todos
pegamos o gosto pela navegação e nos deslumbramos com as possibilidades de
interação.
Para o professor que sempre teve dificuldade de
conversar com seus alunos na própria sala de aula (por excesso de alunos, falta
de tempo e uma extensa “programação curricular”), descobrir que uma mensagem
sua publicada no Facebook pode ser rapidamente comentada por aquele aluno que
nunca falou com ele na sala de aula, pode agora parecer uma revolução.
A rede atrai alunos, professores e todos nós por
várias razões. Uma delas, com certeza, é a ampliação do universo de
relacionamentos. Na rede fazemos muitos novos amigos, conhecemos pessoas
interessantes, passamos a ter acesso à textos, vídeos, imagens e notícias que
não tínhamos antes. A rede nos dá a possibilidade de acessarmos muitas fontes
e, principalmente, nos permite “falarmos para muitos”.
Na rede não há distâncias, o tempo deixa de ser
linear e a virtualização aparente das relações interpessoais nos dá uma falsa
impressão de segurança e distanciamento. Vários estudos publicados sobre esse
tema (inclusive um estudo interessante publicado em uma dissertação de mestrado
em antropologia social defendida na Unicamp em 2008) já mostraram que essas
características da rede nos tornam desinibidos e, em certas circunstâncias isso
pode ser benéfico, mas, em outras, pode nos causar sérios problemas.
“Estar na rede” significa, basicamente, três
coisas:
- Ter
acesso a uma infinidade de fontes de informação sobre todo tipo de tema e
em diversas formas de mídia;
- Ter a
possibilidade de estabelecer inúmeros novos relacionamentos e construir
novos círculos de amizades e interesses e;
- Expor-se
para uma infinidade de pessoas desconhecidas com as quais se pode
interagir de diferentes formas.
Se, por um lado, a rede é rica em novas
possibilidades, por outro, nem todas essas possibilidades serão interessantes,
importantes ou positivas.
Na rede fazemos novos amigos, mas também podemos
fazer novos inimigos. A rede nos fornece todo tipo de informação e algumas
delas são péssimas, quer porque sejam falsas ou falsificadas, quer porque sejam
ilícitas ou, simplesmente, porque são inúteis. Na verdade apenas um número
infinitamente pequeno de informações disponíveis na rede serão úteis para cada
um de nós.
Da mesma forma como se pode encontrar qualquer
coisa na rede, uma vez que você esteja nela você também passa a ser
“encontrável”. Não apenas o seu endereço, nome, documentos, telefone, fotos e
vídeos passam a estar disponíveis para todo o mundo como também todas as suas
“interações na rede”. Quando se está na rede, parte significativa de sua vida
fica lá registrada por meio de fragmentos cuja leitura nem sempre será
favorável à imagem pública que você gostaria de ter.
Estar na rede é deixar de ser privado e passar a
ser público. E essa super-exposição é um dos grandes fatores de risco do uso da
internet e, em particular, das redes sociais.
Na verdade, mesmo que você nunca tenha
participado diretamente das redes sociais, uma busca com seu nome e mais alguns
dados agregados (como o nome da sua escola, da sua empresa ou o número do seu
RG) podem já possuir muitos links que, reunidos, contam um pouco da sua
história. Já experimentou fazer essa pesquisa?
Se você está na rede hoje, esteja consciente de
que a rede é “quase-eterna” e continuará a existir depois que você se for. O
que você publicar hoje ficará guardado “na nuvem” e estará acessível na rede
até muito depois de seus bisnetos terem falecido. Sua história na rede nunca
será apagada.
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